- WSL / clark little
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Se você é um fã do oceano e ainda surfa, você está sem dúvida, familiarizado com o trabalho de Clark Little. Com mais de 1,8 milhão de seguidores no Instagram, ele se tornou um dos fotógrafos mais populares do mundo. E com certeza tem uma boa chance de você já ter ouvido a sua incrível história e de como toda sua carreira de fotografia aconteceu quase que por acidente, mas caso você não tenha visto ainda, aqui vai uma versão abreviada:

shorebreak A costa norte de Oahu, no Havaí, possui um meio ambiente repleto de potenciais alvos para um fotógrafo com as habilidades de Clark Little. - WSL / clark little

A esposa de Clark decide que quer uma foto bem bonita para colocar em sua casa. O ex-surfista profissional, famoso por se atirar no quebra-coco de Waimea, decide economizar dinheiro e pede a câmera de um amigo emprestada, para tentar ele mesmo capturar uma boa imagem. Então, ele resolve entrar no mar em um de seus picos favoritos de surf de peito e logo clica uma bela onda. Todos os seus amigos e vizinhos ficam encantados com essa imagem, e começam a fazer pedidos de fotos parecidas com aquela. Em apenas algumas semanas ele já estava ganhando um bom dinheiro a mais. Seis meses depois, ele consegue comprar e atualizar todo o seu equipamento e logo em seguida, a revista Surfer lhe oferece um pequeno salário mensal. Assim, quase dois anos desde o dia em que sua esposa fez seu primeiro pedido, ele comunica a ela e ao seu irmão mais velho, Brock Little (uma lenda do surf de ondas grandes), que ele tinha decidido pedir demissão do trabalho que mantinha há 17 anos para seguir a carreira da fotografia em tempo integral... Os dois disseram que ele estava louco.

shorepound A carreira de Little foi baseada numa aposta, algo que ele está acostumado a fazer. - WSL / peter king

Avançando 10 anos na história. Hoje em dia Clark possui uma galeria de arte linda em Haleiwa e dirige uma operação que emprega oito pessoas. Seu trabalho foi retratado em todos os principais veículos dedicados a fotografia e o levou a ganhar o prestigiado Nature's Best Photography Ocean's Award, o que significou ter seu trabalho exposto por seis meses no famoso museu Smithsonian, em Washington. Por várias vezes foi convidado a dar entrevistas em programas nacionais de TV e uma vez foi requisitado pelo Príncipe de Dubai, que é um grande fã de seu trabalho. E no momento, ele está fazendo um tour pelo país pra promover seu último livro e seu recente filme, ambos com o mesmo título: Shorebreak. É um projeto que teve a colaboração de Peter King, conhecido pela série de vídeos #Tournotes. Com tudo isso, decidimos que era um excelente momento para bater um papo com Clark Little e aprender um pouco mais sobre sua ascendente jornada.

Que turbilhão de acontecimentos tem sido essa última década para você. É tão louco isso. Há 10 anos eu nem sequer tinha uma câmera. Às vezes é difícil de entender como tudo isso aconteceu tão rápido!

Uma sessão de fotos de Clark Little.
4:00
Legendary North Shore photographer Clark Little guides Honolua Blomfield into a few thumping pits to get his shot.

Como foi aquele momento em que você decidiu deixar seu antigo trabalho de lado? Quero dizer, você estava estável num emprego por 17 anos, você tinha esposa, filhos, enfim tudo no seu devido lugar. Quão difícil foi tomar essa decisão? Você sabe, o que é louco é que pra mim não foi difícil. Provavelmente deveria ter sido, porque minha esposa e meu irmão ficaram estarrecidos quando eu contei o que eu ia fazer, mas naquela época eu já tinha ganho tanta confiança no que eu estava fazendo que eu já conseguia visualizar a oportunidade. Foi só fazer um pouco de matemática. Meu material estava exposto em algumas galerias em Haleiwa e estava sendo muito bem recebido. Eu já tinha feito algumas exposições, que também foram muito bem. A revista Surfer estava me dando uma graninha por mês, que basicamente cobria a prestação do meu carro. E além disso, as pessoas continuavam me buscando, então eu sabia que poderia ser feito, eu sabia que eu tinha que fazer isso. Mas realmente foi um ato de fé.

water shot Clark Little no seu lugar favorito. - WSL / peter king

Olhando para trás, qual você acha que foi a verdadeira chave do seu sucesso? Com certeza foi ter focado estritamente nas ondas de quebra coco. Eu certamente não fui o primeiro a fazer isso, mas com minha experiência surfando e o cenário perfeito de ondas no meu quintal, eu simplesmente cavei um nicho no mercado e isso foi fácil para mim. Foram os primeiros anos, o início da fotografia digital e eu podia ficar o dia inteiro na água fazendo experimentos. Eu era o único cara naquele tempo que estava realmente focado em apenas ir atrás desse estilo de imagem e, com isso, minhas fotos se destacaram. Tem muita gente fazendo isso agora, o que na verdade é ótimo, mas acho que o fato de ter sido o primeiro foi o que realmente me lançou.

Eu sei que o Peter King tem te seguido bem de perto quando não está no Tour. Vocês se uniram para fazer seu filme Shorebreak. Qual é a história por traz dessa parceria? PK e eu nos conhecemos desde sempre. Ele fez um episódio sobre mim no #Tournotes, há um ano ou dois, e foi aí que começamos a falar sobre a ideia de fazer um filme. Ele é um maluco como eu, quer dizer, nós dois somos tão hiperativos e animados que sabíamos que tínhamos condições de gravar um filme que não nos custaria um milhão de dólares. Daí o Peter King me seguiu até o quebra coco (Shorebreak). Ele curtiu. E então foi o que fizemos no ano passado. Lançamos o filme em alguns festivais de cinema aqui e ganhou alguns prêmios, foi incrível! Nós nos divertimos tanto! Agora está disponível no iTunes, o que é super legal.

Qual foi o seu maior barato dentro de tudo isso? Sabe, só o fato de ser capaz de falar na frente de multidões e poder compartilhar histórias sobre o oceano, já foi demais. Como, naqueles festivais de cinema, onde eu tive que me levantar e falar na frente de 1500 pessoas, isso foi uma loucura para mim! Facilmente a maior multidão para quem eu já falei. Kelly [Slater] estava lá, e Jack [Johnson] também. Mas eu adorei sentar na cadeira de autor, assinar o livro nos dias de lançamento e conversar com outras pessoas que também amam o oceano. Acabo conhecendo tanta gente interessante através disso, é incrível! Quer dizer, como o fato de voar para Dubai só para conhecer o Príncipe, foi uma baita viagem... mas muito legal!

by clark Sim, ele também tira fotos de surf. John John Florence em Waimea durante o Eddie em 2016. - WSL / clark little

Bem, não posso deixar você ir embora sem falar sobre seu irmão. É muito difícil acreditar que já faz mais de um ano que ele faleceu. Ele deve ter ficado tão orgulhoso de ver o que você conseguiu conquistar. É ele estava, sim. E para mim, ouvi-lo dizer às pessoas o quanto ele estava orgulhoso de ser meu irmão foi incrível, porque, você sabe, eu cresci idolatrando ele completamente. Todos nós fizemos isso... Ele era era um figura épica. Eu literalmente cresci seguindo seus passos - roubando seus óculos e suas roupas e eu amava isso! Eu era o irmão do Brock e ele segurou minha mão por todo o caminho. Então minha carreira começou a decolar e ele distribuía meus livros e calendários para todos os seus amigos - eu me lembro do quanto eu estava animado. Ainda não parece que ele se foi. E ele foi tão incrível na maneira em que partiu. Ele encarou como um verdadeiro campeão, um guerreiro, e isso tornou tudo mais fácil para nós, que tínhamos que seguir em frente, especialmente porque o Brock estava tão satisfeito com a vida que teve. Ele viveu uma vida inacreditável. Sinto uma enorme falta dele, mas acho que é exatamente porque ele viveu sua vida de uma maneira tão grandiosa, que ainda parece que ele está aqui.

waimea Brock Little foi um herói para os heróis. Eloe foi levado pelo câncer demaisadamente cedo. 2016. - Instagram
World Surf League
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