- WSL / Nicolas Diaz

O big-rider carioca Jeronimo Vargas conquistou a segunda vitória brasileira em nove anos de história do QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour neste domingo no Chile. O título em sua primeira final no Circuito Mundial da World Surf League foi da melhor maneira, com um tubaço incrível de backside nas esquerdas internacionais de El Gringo que valeu a única nota 10 da etapa mais antiga do WSL Qualifying Series na América do Sul. A decisão contra o australiano Jacob Willcox foi encerrada em 17,50 a 17,17 pontos e a vitória levou o campeão da 23.a para a terceira posição no ranking sul-americano e do 94.o para o 26.o lugar no QS.

Jeronimo Vargas - Maui and Sons Arica Pro Tour Jacob Willcox and Jeronimo Vargas - WSL / Nicolas Diaz

"Essa é minha primeira final e eu só queria saber de surfar tubos, então nem sei dizer o que estou sentindo agora, só daqui a umas duas horas quando baixar toda essa emoção", disse Jeronimo Vargas. "Esse lugar aqui é incrível, dá altas ondas sempre com tubos espetaculares e quero dedicar essa vitória a três amigos que se foram e que nessas condições eram incríveis, o Ricardo dos Santos, o Jean da Silva e o Oscar Moncada. Certamente, eles estavam surfando cada tubo aqui com a gente, não só comigo, como com todos os outros que competiram aqui".

A decisão do título do QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour começou com as primeiras ondas fechando rapidamente e o australiano Jacob Willcox surfou o primeiro tubo, mandando um longo cutback com muito estilo na saída para ganhar nota 6,00. Jeronimo também pega o seu primeiro tubo nas esquerdas, fica entocado lá dentro e recebe 7,50. Só que o australiano parece ter entrado no ritmo das séries e logo surfa outro tubaço quase em pé dentro dele, sai na baforada e ganha 9,50 para passar à frente por 15,50 a 12,00 pontos.

Jeronimo Vargas - Maui and Sons Arica Pro Tour Jeronimo Vargas - WSL / Nicolas Diaz

O brasileiro passou a precisar de 8,01 nos 10 minutos finais da bateria e na primeira tentativa já dropa dentro de um canudo numa esquerda perfeita, some lá dentro com várias placas caindo à sua frente e ressurge, saindo limpo do tubo para arrancar a primeira nota 10 do ano em El Gringo. Aí foi o australiano que ficou precisando de 8,01 e logo surfa outro bom tubo, mas recebe 7,67 e o placar fica em 17,50 a 17,17 pontos. Willcox ainda tenta virar o placar duas vezes, mas não consegue impedir a segunda vitória brasileira da história em El Gringo.

"A bateria foi meio devagar no início, mas não posso reclamar, porque depois El Gringo mandou altos tubos como em todos os dias aqui, esse lugar é simplesmente incrível", disse Jacob Willcox. "As ondas ainda estão bombando lá fora e o segundo lugar também é um bom resultado, apesar de ter chegado tão perto da vitória. Acho que nós dois mostramos um alto nível de surfe e espero que todo mundo tenha gostado do show. Eu estou amarradão".

Jacob Willcox - Maui and Sons Arica Pro Tour Jacob Willcox - WSL / Nicolas Diaz

QS 6000 EM 2019 - Na cerimônia de premiação no pódio, o campeão recebeu uma medalha de ouro pelo título e pela primeira vez em etapas da World Surf League, foi tocado o hino do país vencedor como nos Jogos Olimpicos, Fórmula 1 do automobilismo e outros esportes. Foi mais uma edição do Maui and Sons Arica Pro Tour com um show de tubos em El Gringo e os organizadores prometeram tentar elevar ainda mais o status do evento para QS 6000 no ano que vem. Dois anos atrás, o nível era QS 1500 e em 2017 subiu para QS 3000, atraindo nomes mais expressivos do surfe mundial para o Chile.

No último dia, a Pipeline chilena mostrou mais uma vez toda a qualidade internacional e a força dos seus tubos quebrando sobre uma das bancadas de pedras mais perigosas do mundo. Foram várias pranchas partidas, alguns surfistas saindo do mar machucados, mas nada grave, felizmente. No domingo, o mar estava clássico e os australianos venceram as duas primeiras baterias das quartas de final. Dean Bowen ganhou a primeira do brasileiro Vitor Mendes e os tubos começaram a aparecer com mais frequência na segunda, com Jacob Willcox tirando uma nota 9,23 no melhor deles para barrar o defensor do título do Desafio de Arica no Chile, o peruano Tomas Tudela, por um apertado placar de 16,63 a 16,44 pontos.

Tomas Tudela - Maui and Sons Arica Pro Tour Tomas Tudela - WSL / Nicolas Diaz

BRASIL X AUSTRALIA - Com isso, ficou formada uma semifinal australiana e a outra ficou brasileira, pois o paulista Weslley Dantas despachou o costa-ricense Carlos Munoz e o carioca Jeronimo Vargas passou fácil pelo argentino Leandro Usuna. A primeira batalha por vagas na grande final foi mais intensa, com ótimos tubos para os dois australianos tirarem notas acima de 9. Dean Bowen já tinha feito a final em El Gringo em 2016, na vitória do francês William Aliotti, mas não conseguiu repetir o feito. A segunda onda computada acabou decidindo a classificação para Jacob Willcox, que somou um 7,67 contra 5,73 de Bowen no placar de 17,00 a 15,00 pontos.

"Hoje (domingo) de manhã, na minha primeira bateria, as condições não estavam muito boas, mas melhorou bastante durante o dia e deu altas ondas nessa outra com o Jacob (Willcox)", disse Dean Bowen. "As baterias estão bem acirradas, mas peguei tantas ondas boas durante o evento que valeu muito a pena ter chegado até aqui. Eu sempre tentei pegar as maiores para ficar o mais profundo possível nos tubos, então me diverti muito e aproveitei bastante".

Weslley Dantas - Maui and Sons Arica Pro Tour Weslley Dantas - WSL / Nicolas Diaz

Na outra semifinal, o jovem paulista Weslley Dantas, 20 anos, irmão do ex-top do CT Wiggolly Dantas e da bicampeã brasileira Suelen Naraisa, já tinha surpreendido o mundo esse ano ao chegar na final da etapa do QS de Banzai Pipeline, no Havaí. Novamente, ele mostrou muita atitude para surfar tubos para a esquerda como os de El Gringo também. Porém, nessa bateria, o mais experiente Jeronimo Vargas, 28 anos, pegou os melhores que entraram para vencer por 13,84 a 5,00 pontos apenas e avançar para a sua primeira final da carreira no Circuito Mundial.

"Eu sempre gostei de pegar tubos, surfo ondas pequenas, ondas grandes, isso já vem de mim, do meu irmão (Wiggolly Dantas), então eu sempre gostei de pegar tubos grandes, como Pipeline e aqui também", disse Weslley Dantas. "Essa onda daqui é incrível, perigosa, era um sonho vir pra cá no ano passado, mas perdi na primeira fase. Eu fiquei muito triste, mas prometi a mim mesmo que ia fazer um bom resultado aqui, o que consegui agora, chegando na semifinal".

Maui and Sons Arica Pro Tour Maui and Sons Arica Pro Tour - WSL / Nicolas Diaz

RANKING MUNDIAL - Os oito surfistas que chegaram no domingo decisivo do QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour, ganharam posições no ranking mundial do WSL Qualifying Series. O campeão Jeronimo Vargas subiu de 94 para 26 na classificação geral das 31 etapas completadas no Chile. O vice-campeão Jacob Willcox foi quem deu o maior salto, de 328 para 66. Mesmo derrotados nas semifinais, Dean Bowen saiu de 162 para 62 no ranking e Weslley Dantas, que dividiu o terceiro lugar com o australiano em Arica, subiu de 55 para 29.

Assim como na corrida pelo título mundial do World Surf League Championship Tour, que passou a ser liderado pelo potiguar Italo Ferreira com o paulista Filipe Toledo em segundo lugar, no WSL Qualifying Series os brasileiros também encabeçam o ranking com o catarinense Alejo Muniz em primeiro, seguido pelo paulista Deivid Silva. Além deles, mais três estão entre os dez que se classificam para o CT, o potiguar Jadson André em quinto lugar e os paulistas Alex Ribeiro em sexto e Miguel Pupo em sétimo. No Chile, ninguém entrou no G-10 e dois peruanos seguem como os que estão mais próximos da lista, Lucca Mesinas em 17.o e Miguel Tudela em 22.o. Quem chegou mais perto deles foi o campeão Jeronimo Vargas, em 26.o.

Leandro Usuna - Maui and Sons Arica Pro Tour Leandro Usuna - WSL / Nicolas Diaz

RANKING SUL-AMERICANO - Além dos 3.000 pontos no WSL Qualifying Series, o Maui and Sons Arica Pro Tour também valeu 1.000 pontos para o ranking regional da WSL South America, que define o campeão sul-americano da temporada. O peruano Alonso Correa permaneceu na frente após esta quarta etapa no Chile, com o brasileiro Wesley Dantas em segundo lugar e o terceiro agora é o carioca Jeronimo Vargas. Essa posição era ocupada por outro brasileiro, Renan Peres, que caiu para o quinto lugar e o argentino Facundo Arreyes continuou em quarto.

Os chilenos também aproveitaram os pontos disputados em casa para se aproximar dos primeiros colocados no ranking sul-americano, com Guillermo Satt subindo para a sexta posição e Nicolas Vargas para a sétima, seguido pelo campeão da WSL South America em 2016, o argentino Leandro Usuna. Depois de duas etapas seguidas no Chile, as próximas estão programadas para o mês de outubro no Brasil, sendo duas na Bahia e uma em São Paulo.

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