- WSL / Poullenot/Aquashot

Como se já não fosse um sonho ser um surfista profissional, Tatiana Weston-Webb e Jesse Mendes experimentam essa sensação em dose dupla, como um casal que disputa o Circuito Mundial, ela na divisão principal, o CT, ele na divisão de acesso o QS. Embora o calendário de competições deles nem sempre encaixe geograficamente, durante o Oi Rio Pro, no Brasil, os dois passaram um bom tempo juntos, curtindo a terra natal de ambos. Tatiana, que tem 21 anos de idade, é filha de um americano com uma brasileira e foi criada na ilha de Kauai, no Havaí, mas nasceu no Brasil. E Jesse, com 25, é do Guarujá. O evento, válido pelo CT, contou com a competição masculina e feminina, sendo que Jesse foi convidado para a etapa por estar liderando o QS.

Ian Gouveia (BRA) , Tatiana Weston-Webb (HAW) , Jesse Mendes (BRA) at OI RIO PRO 2017 Tatiana e Jesse (o mais a direita, Ian Gouveia no centro) puderam viajar juntos nos últimos meses e ambos participaram do Oi Rio Pro. No momento ela está em Tavarua, onde disputa a final, e Jesse em algum lugar do mundo, regressando do Japão após sua vitória em Chiba. - WSL / WSL/POULLENOT

Agora ambos já estão de volta a correria de percorrer o planeta, competindo em seus respectivos circuitos, e com muito sucesso. Tatiana está na final do Outerknown Fiji Women's Pro, enquanto Jesse venceu no Japão o Ichinomiya Chiba Open, solidificando ainda mais seu domínio do QS neste ano. Mas um pouco antes de deixarem o Brasil, eles contaram como é a vida de um casal que se dedica de maneira tão intensa ao surf.

Jesse Mendes on the Podium for the third time in 2017. Com a vitória no Ichinomiya Chiba Open, a segunda dele num QS 6000 esse ano, Jesse Mendes praticamente garantiu sua entrada para o CT 2018. - WSL / Steve Robertson

World Surf League: Vamos voltar ao começo. Como vocês se conheceram?
Jesse Mendes: Nós começamos a sair juntos no México, durante o Los Cabos Open de Surf, um evento do QS que acontece a cada junho.
Tatiana Weston-Webb: Isso foi há cerca de três anos. Ele começou a me observar e logo começamos a andar juntos, foi como se tivéssemos nos tornado melhores amigos instantaneamente. Era como se nos conhecêssemos desde sempre. Depois disso, o Jesse ficou todo apaixonado (ou melhor deslumbrado).
JM: Foi assim mesmo.
TWW: Depois disso, começamos a sair todos os dias. Depois de mais ou menos um mês assim, Jesse estava saindo para uma viagem, então eu resolvi perguntar pra ele sobre o que estava acontecendo com a gente. Três anos depois, aqui estamos nós.

Quais foram os desafios de estar sempre na estrada enquanto se está começando um namoro?
TWW: Acho que o maior tempo que ficamos longe um do outro foram três meses, e isso foi logo depois que nos conhecemos. Para mim, foi um pouco estranho quando nos vimos de novo, porque era como se estivéssemos nos encontrando pela primeira vez. AinComo foi quando Tatiana entrou pro CT? Isso mudou as coisas?da estava muito no comecinho do nosso namoro.


JM: Por um tempo nós dois estávamos no QS. Ela se qualificou quando estávamos no Brasil em 2014. Era o último evento do ano, ela contra a Alessa Quizon na final, e quem ganhasse estava qualificada. Lembro que logo após a final, tive que sair correndo para pegar o meu voo, mas eu estava muito feliz de ter estado lá para apoiá-la. Acabei ficando super perto da qualificação, mas não deu. Trabalhamos em equipe. Eu quero vê-la fazendo o seu melhor e ela quer me ver fazendo o meu melhor. Espero que isso funcione este ano e logo ambos estaremos no CT.

Rookie Jesse Mendes of Brazil will surf Round Two after placing second in Heat 4 of Round One at the Oi Rio Pro at Saquarema, Rio de Janeiro, Brazil. No Oi Pro Rio, Jesse não obteve o resultado que desejava, mas com certeza a experiência que está acumulando nas etapas do CT para as quais foi convidado este ano será muito útil em 2018, quando ele fizer parte da elite do surf mundial. - WSL / Damien Poullenot

Vocês dois se aconselham mutuamente em suas carreiras?
TWW: No começo não, porque não queríamos que isso interferisse no nosso relacionamento. Ficávamos bravos se um tentasse dizer alguma coisa para o outro (ou se um tentasse dar palpite na carreira do outro). Eu sou super cabeça-dura e ele também é.
JM: Na verdade, você só pode ter uma pessoa te dizendo o que fazer, não várias. Realmente não funciona. Mas mesmo assim, nós damos dicas um ao outro.
TWW: Agora estamos muito mais abertos. Ficamos mais confortáveis um com o outro. Especialmente depois deste ano na Austrália. Nós viajamos sozinhos, então ele basicamente só tinha a mim para conversar. Era a coisa mais estranha do mundo, porque ele ficava olhando para mim durante as suas baterias. Eu estava pirando, 'Nossa, ele está olhando para mim pedindo para eu sinalizar, o que faço agora?!' Aí, finalmente, eu resolvi dizer: 'Ok, vai para aquele lado'. Acho que isso fez com que tudo ficasse mais tranquilo. Ele sabe que eu sou surfista e sei o que estou fazendo, então ele confia em mim se está perdido na água e eu estou assistindo.

Fora do surf, o que vocês diriam que são as coisas mais importantes que aprenderam um com o outro?
JM: Abra a sua mente um pouquinho e escute as outras pessoas. Eu até ouvia, mas nem sempre aceitava. Estou muito mais aberto agora. Até mesmo quando é alguém que eu não conheço muito bem, porque com certeza, eles estão vendo com diferentes olhos.
TWW: É como se você estivesse aprendendo lições de vida muito valiosas, porque quando você está com alguma pessoa o tempo todo, você começa a ver as coisas através da perspectiva dela. Jesse é muito atencioso com as outras pessoas e eu aprendi a ser assim. Ele é muito paciente e gentil. Isso nos leva a ter uma percepção mais aguçada, ser mais consciente em relação ao outro, levantando um ao outro.

Como vocês passam o tempo juntos quando estão longe das competições de surf?
TWW: Nós adoramos jogar tênis. Somos muito esportivos. Gostamos de jogar futebol também.
JM: Quando estamos com nossos amigos, jogamos algo diferente, como altinha. E gostamos muito de comer.

Como vocês cuidam um do outro?
TWW: Sendo positivos. Para mim eu gosto de colocá-lo em um pedestal, dessa forma ele sempre vai se sentir como uma pessoa importante para alguém. E vice versa. Isso é real. Ele é a pessoa mais importante na minha vida, além dos meus pais.

Road to the Final: Tatiana Weston-Webb
2:23
Foi assim que Tatiana chegou à final do Outerknown Fiji Women's Pro

O que você diria que é a coisa mais original sobre a vida dos casais que estão surfando no Tour juntos?
JM: Nós conseguimos viajar para todos lugares juntos. Alguns casais fazem viagens uma ou duas vezes por ano, no máximo. Mas para nós, isso já é corriqueiro.

Isso dificulta sentir que vocês tem um cotidiano normal juntos?
TWW: No que diz respeito ao relacionamento, temos nossas próprias vidas. Ainda não achamos que temos vidas juntas. Não somos casados e ainda não vamos assumir o papel de marido e mulher. Ainda somos apenas namorados e queremos que seja assim. Ele quer ir para a sua casa ver sua família e eu quero ir para a minha casa ver a minha. Muitas pessoas moram juntas antes de se casarem, mas não quero fazer isso. É assim: eu te amo, mas quero ir pra casa, não queremos complicar isso.
JM: Tem tempo para tudo.

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