- WSL / Lucano Hinkle
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A notável carreira de Kai Lenny ganhou outro grande impulso com sua vitória no Puerto Escondido Challenge. É a primeira vitória no Big Wave Tour para o célebre homem do mar havaiano, que optou por não disputar a mundialmente famosa travessia de prancha de remada Molokai 2 Oahu durante o final de semana, para surfar no evento que ocorreu no México. Ainda que ele seja conhecido por uma trajetória onde faz o impossível parecer fácil, o caminho de Lenny até o título foi uma pauleira.

O caminho da glória para Kai Lenny
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A trajetória do havaiano ao topo do pódio foi dificultada por alguns caldos nervosos nos tubos não completados

Puerto Escondido distribuiu porções bem servidas de dor e agonia numa segunda-feira cabulosa, durante a primeira etapa do Tour Mundial de Ondas Grandes 2017. Os melhores surfistas do mundo na especialidade enfrentaram as ondas de 20 a 25 pés de face que quebravam sob um sol ardente na bancada de areia da Playa Zicatela. Como de costume neste feroz beachbreak, não houve escassez de momentos espetaculares.

O resumo do espetáculo: determinação é tudo
25:46
Kaipo Guerrero e Greg Long revisitam os melhores momentos de um dia em que adrenalina transbordou na Playa Zicatela.

As condições estavam perfeitas ao nascer do sol, e o duas vezes campeão do Pe'ahi Challenge Billy Kemper não desperdiçou tempo algum para entrar logo na sua vibração particular. Ele encontrou duas gigantescas cavernas verdes nos primeiros dez minutos da bateria, e saltou para uma liderança insuperável.

Billy Kemper dita o ritmo
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O bicampeão do Pe'ahi Challenge Billy Kemper começou o evento de maneira sólida, enquanto o defensor do título do Puerto Escondido Challenge foi eliminado cedo demais .

Nathan Florence e Grant Baker estavam na sua cola, mandando bem em alguns longos tubos. Nathan, o irmão mais novo do Campeão do Mundo, John John Florence, encontrou uma onda com uma saída limpa, que parecia muito com uma das grandes num dia de Backdoor, para fazer uma pontuação em que avançava na bateria, mas Baker continuava tomando o lip na cabeça ao final de seus canudos. Campeão do evento do ano passado, ele havia dominado durante as sessões de aquecimento no fim de semana, mas estava um pouco fora do ritmo durante a bateria de 45 minutos.

Nathan Florence viaja no tempo
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O jovem havaiano acelera por dentro de um longo tubo na primeira bateria do campeonato.

Baker ainda estava passando até Trevor Carlson encontrar uma bela pista vazia que o alinhou para um perfeito tubo de Puerto. O havaiano surfou o imenso canudo com maestria e tomou à vice-liderança da bateria, deixando Baker fora da disputa. O defensor do título não conseguiu avançar, lembrando a todos o quão cruel Puerto Escondido pode ser.

A jóia de Trevor Carlson em Zicatela
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Com o conhecimento de ondas grandes adquirido surfando sua praias locais no Havaí ele reverteu sua bateria no primeiro round com este belo tubo e avançou.

As baixas continuaram a ocorrer pelo restante da round de abertura. A segunda bateria foi uma batalha de sobrevivência, com Coco Nogales e Peter Mel nas extremidades receptoras de golpes que praticamente os deixaram nocauteados. Ambos foram examinados pela equipe médica depois de tomar caldos feios. Nenhum dos dois foi capaz de avançar. Jimel Corzo, Alex Botelho e Makua Rothman apenas sobreviveram para seguir adiante.

A terceira bateria do primeiro round foi a batalha mais dura do dia. Tom Lowe, da Grã-Bretanha, se atirou em alguns tubos maciços para ganhar, apesar de nunca ter encontrado um com saída. Ele ficou um pouco adiante de Kai Lenny no processo, enquanto [Nic Lamb] (atleta) superou Rusty Long para seguir adiante no evento. O carioca Pedro Calado, único brasileiro no evento após a desistência por lesão de Lucas "Chumbo" Chianca, não encontrou as ondas e terminou em quinto nesta bateria, encerrando sua participação no campeonato sem poder mostrar sua conhecida competência em Puerto Escondido.

Tom Lowe entuba fundo de backside
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O atirado britânico quase completou um enorme tubo de backside na terceira bateria do primeiro round

Oscar Moncada representou bem o contingente mexicano, com uma bela vitória sobre Jamie Mitchell no final da rodada de abertura. Damien Hobgood, enquanto isso, não conseguiu encontrar nenhuma oportunidade, e se juntou ao clube dos que tiveram a partida antecipada.

Kemper pegou um dos melhores tubos do dia na primeira semifinal, acelerando por várias seções antes de finalmente ser derrubado quando estava prestes a completar. Mas quando ele reapareceu surfando a onda de peito, a multidão na areia foi à loucura, e os juízes deram a ele a quantidade adequada de pontos merecidos pelo tempo que passou debaixo do lip. Ele se classificou para a final com jeito total de favorito.

Billy Kemper arrebata a multidão
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O local de Maui fez com que os fãs fossem ao delírio com seu incrível tubo na primeira semifinal do Puerto Escondido Challenge.

Lenny, por outro lado, estava apenas no limite da sobrevivência com menos de dois minutos para o final da segunda semifinal. Lowe e Mitchell já haviam se garantido com pontos suficientes para estar na final, uma façanha ainda mais impressionante quando se considera que ambos surfavam lesionados. Lowe estava cuidando de um tornozelo torcido. Mitchell, de alguma forma, conseguia surfar com um esterno quebrado. Lenny precisava apenas de uma minúscula pontuação para passar por Lamb, da Califórnia, e ele conseguiu nos últimos segundos, passando raspando para a última bateria do dia.

Kemper, Mitchell e Lenny juntaram-se a Lowe, Carlson e Botelho na grande final. Botelho, de Portugal, havia entrado no evento com substituto de última hora de um contundido favorito, Greg Long, que se desistiu na noite de domingo, depois de perceber que seu joelho ainda estava dando problemas. A análise de Long acabou sendo uma adição bem-vinda para a equipe de transmissão.

A punição de Puerto
1:08
É como ser atropelado por um caminhão de cimento

Levando em conta as surras do mar que todos já haviam tomado até aquele ponto, Long reconheceu ter ficado aliviado por não ter participado. E claro, ficou muito impressionado com a determinação de Jamie Mitchell de enfrentar a dor. O australiano estava se atirando com tudo. Ele saltou à frente na liderança depois de botar pra dentro de duas fechadeiras bem carnudas. Em um determinado momento, ele parecia estar se dirigindo para receber atenção médica. O salva-vidas o circundou com o jet-ski quando ele veio em direção à costa. O próprio long fez menção de resgatá-lo. Mas percebendo que poderia completar a final, Mitchell disse ao piloto para levá-lo de volta ao outside. Depois, Mitchell resumiu sua motivação. "Para ser honesto, há tantos surfistas bons que desejam poder estar onde estamos agora, e eles são uns animais, então você apenas entra no espírito da besta e adormece a dor".

Kai Lenny of Hawaii winner of the WSL 2017 Puerto Escondido Challenge Kai Lenny levanta seu merecido troféu depois de conquistar seu primeiro evento do Big Wave Tour. - WSL / Tony Heff

Também teria sido uma vitória incrível para Mitchell, mas não era para acontecer. No minuto final da bateria, Kai Lenny, um dos amigos de remadas de Mitchell, atravessou a matilha e conseguiu entrar na onda de melhor aparência da bateria de uma hora de duração. Lenny dropou gritando e se posicionou para um tubo largo e aberto, posando ereto no salão verde gigante que tinha um teto abobadado. Quando ele saiu do tubo de forma limpa, e se atirou sobre o lip dando uma pirueta no ar, cada um dos surfistas na disputa sabia que ele acabara de vencer. Foi a única onda completada com sucesso em toda a final.

Se Mitchell ficou desapontado, ele certamente não parecia. "Estou realmente feliz pelo Kai", disse ele depois. "Ele perdeu a travessia Molokai 2 Oahu no domingo para estar aqui - e é a maior corrida do mundo de prancha de remada - e eu sei que ele ficou chateado por isso. Então, vendo o Kai ganhar hoje, todos sabemos o quão talentoso ele é. Foi uma final incrível e estou contente em estar aqui ".

Kai Lenny no tubo do título
5:50
Lenny surfa a onda vencedora no último minuto da final do Puerto Escondido Challenge.

Para Lenny, foi uma recompensa com sabor especial. "Lembro-me de vir aqui no ano passado e estar super aterrorizado porque as ondas estavam enormes", disse ele no pódio. "Meu objetivo este ano era voltar e fazer a final ... não amarelar... eu tomei na cabeça a maior parte do dia, estava esperando por aquela onda que iria me deixaria sair do seu interior. Neste ano eu mantive o meu posicionamento no outside. Decidi ficar aguardando. Não achei que viria, mas é isso que torna tudo muito mais doce."

Para Lenny, foi uma recompensa com sabor especial. "Lembro-me de vir aqui no ano passado e estar super aterrorizado porque as ondas estavam enormes", disse ele no pódio. "Meu objetivo este ano era voltar e fazer a final ... não amarelar... eu tomei na cabeça a maior parte do dia, estava esperando por aquela onda que iria me deixaria sair do seu interior. Neste ano eu mantive o meu posicionamento no outside. Decidi ficar aguardando. Não achei que viria, mas é isso que torna tudo muito mais doce."

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